Lições Bíblicas CPAD – Juvenis – 1º Trimestre de 2025
Data/lição — 23 de março de 2025
Lição 12 — A vida após o cativeiro
Texto base — “[…] Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo.” (Ne 1.3)
LEITURA DA SEMANAL
- SEG – Jr 25.12 >> Profecia contra o rei da Babilônia
- TER – Sl 126 >> Louvor pelo retorno do cativeiro
- QUA – Ne 2,2-8 >> Oração e ação
- QUI – Ag 2.1-9 >> A glória da segunda casa
- SEX – Jr 3 111-17 >> Promessa de restauração
- SÁB – Ag 1.7-11 >> Valorizem o Templo
LEITURA BÍBLICA EM CASSE:
Esdras 1.1-7
1 No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias), despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo:
2 Assim diz Ciro, rei da Pérsia: o Senhor, Deus dos céus, me deu todos os rei nos da terra: e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá.
3 Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a Casa do Senhor, Deus de Israel: ele é o Deus que habita em Jerusalém.
4 E todo aquele que ficar em alguns lugares em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, afora as dádivas voluntárias para a Casa de Deus, que habita em Jerusalém.
5 Então, se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes, e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem a edificar a Casa do Senhor, que está em Jerusalém.
6 E todos os que habitavam nos arredores lhes confortaram as mãos com objetos de prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, e com coisas preciosas, afora tudo o que voluntariamente se deu.
7 Também o rei Ciro tirou os utensílios da Casa do Senhor, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém e que tinha posto na casa de seus deuses.
CONECTADO COM DEUS
Vamos refletir sobre a vida do povo hebreu pós-cativeiro? Neemias era copeiro do rei Artaxerxes quando soube de como o povo – que havia retornado à sua terra – estava vivendo em Jerusalém. Mesmo cativo, ele vivia no palácio com algumas regalias. Ainda assim, arriscou-se para fazer algo que pudesse mudar a situação de seus irmãos. Neemias saiu de sua zona de conforto para ir à Jerusalém, em meio à pobreza e destruição, encarar inúmeros desafios.
Às vezes, tudo o que é preciso é alguém disposto a sacrificar um conforto pessoal em prol de outras pessoas para a situação delas mudar, como foi o caso de Neemias com o povo em Jerusalém. E você, o que está disposto a sacrificar? “Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2 Co 12.15).
OBJETIVOS:
Falar sobre o contexto do retorno dos cativos;
Discutir sobre os desafios para a reconstrução de Jerusalém;
Refletir sobre a atuação dos profetas na reconstrução da cidade e do Templo.
ANTES DA AULA
Caro(a) educador(a), como de costume, planeje-se para chegar cedo, deixar a sala arrumada e inteirar-se sobre como os seus alunos estão. Esteja bem preparado para ministrar a aula. Não se limite a apenas ler o texto da lição, sem nenhuma explicação vinda da sua parte, contextualizando o conteúdo à realidade de sua classe, acrescentando o que julgar pertinente, curiosidades interessantes aos seus alunos etc.
Trabalhamos para oferecer um conteúdo rico para você e sua classe. Entretanto, isso não o exime da tarefa de ir além. O aluno perceberá se você não estudou além das informações que eles também têm acesso. Além da oração e estudo serem fatores cruciais para falar com convicção, sem demonstrar insegurança, é fundamental também ter uma aula bem preparada. O Senhor é contigo!
1. O PERÍODO PÓS-EXÍLIO
1.1. O contexto Samaritano. Após a destruição do Reino do Norte pela Assiria, em 722 a.C., os israelitas de Samaria foram forçados a conviver e misturar-se com povos pagãos trazidos de vários lugares conquistados pelo Império Assírio (2 Rs 175.6,24,33). Dessa mistura surgem os samaritanos, a quem os judeus do Reino do Sul, após retomarem da Babilônia, não reconheciam mais como sendo do mesmo povo (Ed 4-1-4). E foi assim, portanto, que surgiu a rivalidade entre judeus e samaritanos, ainda tão presente nos dias de Jesus.
1.2. Cumprem-se as profecias. O povo de Judá foi levado cativo à Babilônia, quando esta nação ímpia era a maior potência militar que havia. Todavia, em cumprimento das profecias, a Babilônia caiu e foi subjugada pela Pérsia (539 a.C.), que por sua vez, uniu-se com a Média, dando início ao Império Medo-Persa, um dos maiores na história. No primeiro ano de Ciro como rei da Pérsia, cumprindo uma profecia dita por Jeremias, Deus inclinou seu coração a permitir o retorno do povo judeu a Jerusalém. Além disso, cerca de 150 anos antes de tal governante nascer, o profeta Isaias já havia profetizado que um rei chamado Ciro permitiria o retorno do povo à Jerusalém — que nem havia sido levado cativo ainda (Is 41.1-4; 44.26-28: 45.1-6). Tudo isso mostra, de forma impressionante, como Deus está no controle da história.
<<INTERAÇÃO>>
Pergunte aos alunos: Você acha o trabalho em grupo importante e por quê? Ouça as respostas e ressalte a importância de ter ajuda para alcançar uma meta. Explique que Neemias jamais conseguiria alcançar a sua missão de reedificar os muros e os portões de Jerusalém, se ele estivesse sozinho. O seu papel em liderar o povo foi funda mental. Todavia, sem o empenho e o trabalho em conjunto de todos que ajudaram, ele não teria o êxito que teve.
Explique que em nossas vidas pessoais também funciona desta forma e não é vergonha pedir ajuda. Assim como, na obra do Senhor todos têm um papel e o trabalho de cada um é importante.
2. O RETORNO PARA JERUSALÉM
2.1. Um sonho realizado. O retorno à Jerusalém foi visto com muita alegria. Uma passagem que retrata muito bem esse contexto é o Salmo 126. O povo estava tão feliz que compara a um sonho o que estava vivendo. Este sonho tão almejado foi se realizando ao longo de aproximadamente 100 anos, em três expedições de retorno. Portanto, outros reis, além de Ciro, estiveram presentes no decorrer deste processo. A história de todo este período está registrada nos livros de Esdras e Neemias, que relatam o retorno dos exilados para Jerusalém.
2.2. As expedições de retorno. A primeira expedição foi com chefes das famílias em companhia de Zorobabel, com o objetivo de reconstruir o Templo (Ed 1—6). A segunda expedição marcou o retorno do escriba Esdras e alguns sacerdotes que foram com ele, aproximadamente 60 anos após a reconstrução do templo (Ed 7). Esdras partiu com uma missão espiritual de fazer uma reforma na adoração e na prática do povo que, naquele momento, não estava vivendo uma espiritualidade saudável. Neemias foi o líder da terceira expedição, que quando soube da situação que Jerusalém estava, solicitou autorização ao rei Artaxerxes para ir até lá reconstruir os muros e os portões da cidade. E como Deus era com ele, obteve tal apoio (Ne 2.2-8).
3. A RECONSTRUÇÃO
3.1. Foco e oração X oposição. Com o retorno dos cativos, Jerusalém precisava ser reconstruída. Naquele momento, os muros estavam caídos, os portões queimados e o povo, que ali morava, era muito pobre (Ne 1.3).
Neemias foi um grande líder por conseguir, mesmo com oposição interna e externa, êxito nessa reconstrução. Ele não desanimou e nem permitiu que o povo desanimasse diante das constantes ameaças e ataques inimigos (Ne 416-23). Ele foi tão focado e confiante em Deus que a obra que poderia levar meses, ficou pronta em 52 dias, apesar das inúmeras armadilhas (Ne 6.15,16).
Já durante a reconstrução do Templo, o povo desanimou, pois o novo Templo nem se comparava ao grandioso que Davi projetara e Salomão construíra. Este novo local para adoração era menor, e seria edificado com materiais bem inferiores ao que fora destruído pelos inimigos. Não por acaso, sua reconstrução parou por aproximadamente 15 anos.
3.2. Os profetas da reconstrução. É neste momento do retorno do cativeiro que o povo passa a se chamar de judeu. Sob esse contexto pós-exílio (posterior ao cativeiro babilônico), surgem dois profetas fundamentais: Ageu e Zacarias (Ed 5.1). Eles foram os responsáveis por exortar o povo de forma dura, já que os judeus deixavam de lado o Templo e aplicavam os recursos na reconstrução de suas próprias casas (Ag 1.5,6). E por isso não tinham êxito nem satisfação em coisa alguma, pois negligenciavam o que deveria vir em primeiro lugar, o cultuar a Deus. É neste cenário que o Senhor usa o profeta Ageu para dizer que, a despeito das diferenças estéticas com o Templo antigo, a glória deste segundo Templo seria maior que a do primeiro (Ag 2.7-9).
Zacarias também foi usado por Deus relatando uma série de visões sobre as obras do Templo (Zc 1—8) e uma série de promessas gloriosas relacionadas ao futuro (Zc 9—14). Portanto, com a atuação intensa dos profetas, a obra de reedificação do Templo é retomada, concluída e o relacionamento do povo com Deus restaurado.
SUBSÍDIO
CONHEÇA SEUS ALUNOS
Oportunize o momento final desta aula para falar um pouco sobre manter o foco na missão para a qual Deus nos designou. Nesta idade, de acordo com a personalidade de cada um, alguns podem se abater com qualquer tipo de oposição. Utilize o exemplo de Neemias, que não se deixou parar pelos impedimentos, oposição interna e externa. Ele seguiu firme e confiante naquilo que Deus colocou em seu coração.
Finalize dizendo que, em Deus, eles podem ser como Neemias, seguirem focados, tentando quantas vezes forem necessárias, até alcançarem seus sonhos e objetivos.
PARA CONCLUIR
A história da reedificação do Templo nos revela que, por maiores que sejam os desafios, não podemos desanimar na obra do Senhor. Devemos, de acordo com as nossas forças e possibilidades, dedicar-nos sempre à intimidade com Ele e ao serviço em prol do seu Reino. E quanto ao processo doloroso de reconciliação e restauração do povo após pecarem, aprendemos que mesmo punidos pelo Senhor por nossa desobediência, sempre há esperança de retornarmos para Ele.
HORA DA REVISÃO
1. Qual povo foi marcado pela mistura com as nações pagãs?
R.: Os Samaritanos.
2. Qual Salmo registrou a alegria do retorno dos exilados para Jerusalém?
R.: O Salmo 126.
3. Quem ficou responsável pela reconstrução do Templo no período pós-exílio?
R.: Neemias.
4 Por quanto tempo a obra do Templo ficou parada?
R.: Por 15 anos.
5. Quem foram os profetas da reconstrução do Templo?
R.: Ageu e Zacarias.
Comentarista: Thiago Panzariello
SUBSIDIO
Deus capacita para o impossível “Deus trabalha por intermédio de seu povo para realizar até mesmo tarefas consideradas humanamente impossíveis. Ele costuma moldar as pessoas com características de personalidade, experiências e treinamento de modo a prepará-las para o seu ministério, e essas pessoas não costumam sequer ter ideia do que Deus tem reservado para elas. Deus preparou e posicionou Neemias para realizar uma dessas tarefas ‘impossíveis’ da Bíblia. Neemias era um homem comum em uma posição especial. Ele estava seguro na condição de bem-sucedido copeiro do rei Artaxerxes, da Pérsia. Neemias possuía pouco poder, mas grande influência.
Setenta anos antes, Zorobabel havia planejado a reconstrução do Templo de Deus. Treze anos haviam se passado desde o retorno de Esdras a Jerusalém, que havia ajudado o povo em suas necessidades espirituais. Agora Neemias era necessário.
Do início ao fim Neemias orou pedindo a ajuda de Deus. Ele nunca hesitou em pedir que Deus se lembrasse dele, encerrando sua autobiografia com as seguintes palavras: ‘Lembra-te de mim. Deus meu, para o bem’. Durante a ‘impossível’ tarefa. Neemias demonstrou uma capacidade de liderança incomum. Os muros ao redor de Jerusalém foram reconstruídos em tempo recorde, a despeito da resistência e da oposição dos inimigos. (Biblia de Estudo Aplicação Pessoal Ia Edição. RJ: 88 JUVENIS CPAD, 1995. p.670)
“Ageu […]
Ageu censurou os judeus por sua indiferença, e os repreendeu por construírem as suas próprias casas enquanto a casa de Deus era negligenciada. Ele assegurou aos habitantes de Jerusalém que as adversidades que vinham sofrendo eram castigos por sua apatia. Zorobabel foi estimulado a dar a supervisão apropriada à obra que tinham em mãos, e quando parecia que as revoltas na Babilônia podiam ainda ser bem sucedidas, ele parece ter sido considerado como o homem divinamente ungido, que deveria conduzir Judá à independência.
[…] O livro de Esdras passa em silêncio pelo período de cinquenta e sete anos que se seguiram à conclusão do segundo Templo. No império persa, a morte de Dario I, em 486 a.C, foi seguida pela ascensão de seu filho Xerxes (486 – 465 a.C).
[…] Durante este período, a comunidade judaica lutou, com coragem, para sobrepujar a pobreza com que a terra fora assaltada, e esforçou-se duramente para arrancar alguma prosperidade do solo inóspito. Em outro tempo, porém, a orgulhosa capital ainda carregava os sinais de sua humilhação, e embora o Templo estivesse concluído, a cidade ainda permanecia sem muros” (HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, pp.285-86).
Considerai o vosso passado
“Enquanto negligenciavam o Templo pelas razões discutidas acima, os exilados que voltaram tinha achado tempo e condição convenientes para construir as próprias casas. Além disso, os judeus tinham construído suas residências com luxo e extravagância. Fizeram o acabamento das paredes das casas com madeiramento caro. Esta prática era considerada luxuosa até para um rei (Jr 22.14). Contudo, diziam que não tinham recursos para restaurar a casa do Senhor. Houve quem sugerisse que os judeus usaram para suas casas a madeira de cedro reservada para o Templo. Em contraste com suas casas, o Templo jazia em ruínas. Como disse Marcus Dods: ‘O conforto os condenou. Dispunham-se de recursos, gozavam de lazer e sentiam-se protegidos para mobiliar as casas sozinhos; não seriam as circunstâncias e condições de vida que os impediriam de reedificar a casa de Deus’.
Agora o Senhor faz um pedido aos judeus: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos. Esta frase ocorre quatro vezes no livro e é tradução literal. Porém a tradução melhor é: ‘Considerai o vosso passado’. Quais são os resultados desta negligência trágica? ‘Plantai muito, mas colheis pouco; comeis, mas não o suficiente para matar a fome; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece’ (1.6)” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 5. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.279).