Lição 8 – Uma lição de humildade
Texto áureo – “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (Jo 13.15)
Verdade prática – A submissão e o serviço são características de maturidade e grandeza no percurso do crescimento espiritual do cristão.
Lições Bíblicas 2º Trimestre de 2025 – ADULTOS – Professor CPAD
Data/lição – 25 de maio de 2025
Palavra-Chave – Humildade
Hinos Sugeridos – 187,304, 377 da Harpa Cristã
LEITURA DIÁRIA
- Segunda – Mt 11.29 > Aprendendo a humildade com Jesus Cristo
- Terça – Jo 530 > Humildemente nosso Senhor buscava fazer a vontade do Pai
- Quarta – Fp 2.5,6 > Cultivando o mesmo sentimento humilde de Jesus
- Quinta – Lc 9.46,47; Mc 934 > O perigo de cultivar o sentimento de proeminência
- Sexta – Jo 13.10,11 > Uma palavra consoladora de Jesus aos discípulos
- Sábado – Jo 13.12-17 > Jesus traz sentido ao gesto do lava-pés com os discípulos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 13.1-10
1 – Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
2 – E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse,
3 – Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus,
4 – levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.
5 – Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-Ihos com a toalha com que estava cingido.
6 – Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?
7 – Respondeu Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.
8 – Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.
9 – Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
10 – Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
OBJETIVOS DA LIÇÃO:
I) Abordar o exemplo prático e histórico de humildade dado por Cristo;
II) Correlacionar a humildade com o autoconhecimento;
III) Promover contraste entre humildade e ostentação.
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Nesta lição, iremos analisar a narrativa do capítulo 13 do Evangelho de João. Este episódio bíblico retrata o ato de Jesus conhecido como “Lava-Pés”, onde Ele ensina, através do seu exemplo, a relevância da humildade para aqueles que o seguem. Este capítulo oferece-nos uma valiosa lição sobre a humildade na vida cristã. A partir do exemplo de Jesus, somos convidados a servir o próximo de forma humilde.
I – UMA HISTÓRIA REAL SOBRE A HUMILDADE
1. O lava-pés. Nesta passagem do Evangelho segundo João, quando Jesus lavou os pés, Ele utiliza o exemplo de um servo da casa onde se encontrava com os discípulos para transmitir uma lição sobre a humildade dentro do Reino de Deus. O capítulo menciona que este episódio ocorreu pouco antes da Páscoa (13.1), quando Ele celebrou a última Ceia Pascal com os seus discípulos. Nesta ceia, o nosso Senhor instituiu o que viria a ser conhecido como Santa Ceia ou Ceia do Senhor, um encontro solene que realizamos atualmente. Durante essa ocasião, Jesus rompeu o protocolo tradicional da Ceia Pascal, conferindo-Ihe um significado único: ao lavar os pés dos seus discípulos, Ele ilustra a humildade como uma virtude essencial para os seus seguidores na expansão da Igreja pelo mundo.
2. O desenvolvimento da história. No capítulo 13, o Mestre tomou uma bacia com água e uma toalha, levantou as pontas das suas vestes e atou-as à cintura. Pegou nas mangas longas e largas das suas roupas masculinas típicas da época e amarrou-as atrás do pescoço. Este gesto era uma forma de “cingir-se” para realizar trabalho, permitindo que tivesse as mãos e as pernas livres para realizar a tarefa do ato de “Lava-Pés”. Este costume nos tempos bíblicos fazia parte dos cuidados prestados aos convidados por parte do senhor da casa. Ao chegar à residência designada para a Ceia, Jesus verificou que não havia nenhum servo disponível para lavar os pés dos convivas.
3. A mudança de paradigma. Como anfitrião daquela ceia, após o encerramento dessa reunião única e tradicional — surpreendendo os discípulos — o nosso Senhor começou a ensinar através do Lava-Pés que o caminho do Reino de Deus é trilhado com humildade (Jo 13.2,4). Ele mostrou que a humildade representa a verdadeira grandeza espiritual do seguidor do Evangelho. Por isso, utilizou um gesto cotidiano para exemplificar esta atitude humilde. É evidente, neste episódio, que o Cristianismo só se tornará eficaz e alcançará o propósito do Reino de Deus se os valores ensinados pelo Mestre forem realmente praticados pelos seus seguidores. Entre esses valores destaca-se a humildade genuína interiorizada nos corações dos discípulos, recebendo especial atenção do divino Mestre, que era manso e humilde de coração (Mt 11.29).
SINOPSE I
O exemplo histórico de humildade que nosso Senhor deu aos discípulos é prático, atual e atemporal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
“LAVAR OS PÉS AOS DISCÍPULOS” Esse ato dramático de lavar pés, geralmente realizado por servos, ocorreu na última noite da vida de Jesus na terra. Jesus fez isso (1) para demonstrar aos seus discípulos o quanto Ele os amava; (2) para prenunciar (isto é, prever simbolicamente) o seu sacrifício voluntário na cruz; e (3) para transmitir a verdade de que aqueles que o seguem devem servir, humildemente, uns aos outros. O desejo de ser grande atormentava continuamente os discípulos (Mt 18.1-4: 20.20-27; Mc 933-37; Lc 9.46-48). Cristo queria que eles percebessem que o desejo de ser o primeiro – ser superior e honrado acima dos outros – é exatamente o oposto da atitude dele. Jesus desejava que seus discípulos imitassem sua maneira (veja Lc 22.24-30, nota; Jo 13.12-17; 1 Pe 5.5).
[…] A igreja primitiva parece ter seguido o exemplo de Jesus e, literalmente, obedecido seu mandamento de humildemente lavar os pés uns dos outros. Por exemplo, em 1 Tm 5.10, Paulo declara que as viúvas só poderiam receber um cuidado especial por parte da igreja caso se qualificassem de acordo com determinados padrões e ações. Um desses atos era “lavar os pés dos santos”. As bênçãos de Deus sempre dependem de colocarmos a sua Palavra em prática (v. 17)” (Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.1880,81).
II – HUMILDADE IMPLICA AUTOCONHECIMENTO
1. Conhecendo a própria natureza. Jesus tinha plena consciência de quem era, entendia o seu papel e a sua relevância como Senhor e Mestre: “Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus” (Jo 13.3). Neste contexto, Ele deliberadamente trocou o seu papel de Senhor pelo de um simples servo para ensinar aos seus discípulos a importância da humildade. Dessa forma, é essencial que conheçamos a nossa natureza. Devido ao pecado, temos dificuldade em nos submeter aos outros e em nos humilhar; frequentemente preferimos olhar de cima para baixo, raramente de baixo para cima. Assim sendo, Jesus Cristo, na sua posição de Senhor e Mestre, ensina-nos a virtude da humildade: “Eu vos dei o exemplo” (Jo 13.15).
2. O exemplo deixado por Jesus. Pense no Verbo Divino, repleto de glória e poder, que abdica da sua majestade para vivenciar a experiência humana. Como menciona o Evangelho: “não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (Jo 5.30). Assim sendo, enquanto Verbo Divino, Ele tornou-se carne e uniu-se à nossa condição. Esta compreensão doutrinária sobre a encarnação de Jesus confere um significado ainda mais profundo ao episódio do lava-pés, onde estava o Deus Encarnado lavando os pés de pessoas comuns. À luz deste exemplo, não deveria ser tão difícil servir aos outros ou submeter-nos à liderança dos nossos irmãos; desviar a nossa própria vontade em favor da vontade divina deveria ser algo natural. No entanto, a nossa natureza pecaminosa torna árdua a prática do serviço e o cultivo da humildade. Por isso mesmo, o apóstolo Paulo faz este apelo: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2.5-6).
3. O maior no Reino de Deus. O nosso Senhor percebia que existiam momentos em que os seus discípulos se preocupavam com quem seria considerado o maior (Lc 22.25-27). Contudo, Ele — sendo Deus e não reivindicando igualdade com Deus (Fp 2.5) — ensinava aos discípulos qual deveria ser o verdadeiro espírito entre eles; especialmente após sua partida: no Reino de Deus prevalece sempre a ideia de “o primeiro serve o último”. Portanto, no Reino de Deus deve haver humildade como verdadeira motivação para o serviço; nunca egoísmo ou interesses pessoais.
SINOPSE II
A virtude da humildade possibilita-nos reconhecer as nossas limitações e, dessa forma, evitar a armadilha da soberba.
III – HUMILDADE X OSTENTAÇÃO
1. Uma competição silenciosa. Jesus estava ciente de que, entre os seus discípulos, existia uma competição discreta em busca de proeminência e liderança, como é retratado nos Evangelhos (Lc 9.46,47; Mc 934). Já havia preocupações entre eles sobre quem ocuparia o lugar mais destacado num eventual reino de Jesus. O que Jesus demonstra é que tal espírito não deve prevalecer entre seus seguidores. Os líderes na causa do Mestre não podem iniciar a sua jornada de forma errada.
2. O caminho humilde de Jesus. Através do episódio do lava-pés, nosso Senhor revelou que o caminho dos seus discípulos não se alicerça no sucesso material, na notoriedade ou na ambição, mas sim na capacidade de servir o próximo de maneira humilde. Desta forma, a Igreja de Cristo estaria em desacordo com a dinâmica mundana da ostentação e da presunção. O serviço amoroso e humilde é característico da Igreja de Cristo. Assim, não haveria espaço para disputas, a fama seria deixada de lado e a ambição afastada. Por meio do exemplo modesto de Jesus no episódio do lava-pés, as consciências dos discípulos foram despertadas (Jo 13.13,14).
3. Um convite à humildade. A vida e os ensinamentos do nosso Salvador constituem um convite para aprendermos com Ele sobre mansidão e humildade (Mt 11.29). Nesse sentido, somos convidados por Jesus a cultivar um coração humilde, desprovido das armadilhas da ambição, da ostentação e do egoísmo. Somos chamados a partilhar dos mesmos sentimentos que pautaram a sua vida e ministério terreno (Fp 2.5-8). Assim sendo, a lição do lava-pés é um apelo para vivermos uma existência de humildade diante de Deus em todas as circunstâncias da vida.
SINOPSE III
A humildade não compete, ela coopera; a humildade não busca notoriedade, ela busca o ser vir; a humildade não obriga, ela convida.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
O SERVIÇO AMOROSO “Tendo lavado os pés dos discípulos e vestido a sua túnica, Jesus, estando à mesa, outra vez perguntou aos discípulos: Entendeis o que vos tenho feito? (12) Macgregor comenta: “Quando ‘veste a sua túnica’, Jesus assume a sua vida novamente (10.17SS.) no poder do Espírito, e assim esclarece todas as coisas” (7). Sem esperar por uma resposta, Jesus explicou que isto tinha sido um exemplo (15), ou modelo, “que estimula ou deve estimular alguém a imitá-lo”. Da mesma forma que Ele, seu Mestre (literalmente, “Ensinador”) e Senhor, lhes tinha feito, assim deveriam fazer uns aos outros (13-14; cf. 34). Hoskyns diz: “Seu ato de lavar os pés dos discípulos expressa a própria essência da autoridade cristã”. Não parece haver qualquer evidência de que Jesus quisesse que a lavagem dos pés fosse instituída como um sacramento. Mas fica claro que Ele estava ensinando, pelo exemplo básico e axiomático, embora paradoxal, que a única maneira de ser “o maior” (Lc 22.24) ou de ser bem-aventurado (17) é tomar a estrada do serviço amoroso (13.34) e do sacrifício (10.15), baseado no conhecimento da vontade de Deus para nós. A palavra traduzida como bem-aventurado no texto das Beatitudes é makarioi (Mt 5.3-12)” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.117).
CONCLUSÃO
Nesta lição, abordamos a relevância da virtude da humildade para um melhor autoconhecimento. Deste modo, começamos a perceber os nossos limites e aquilo que nos diz respeito ou não. Compreendemos que a humildade se opõe a uma cultura de ostentação, à busca desenfreada pela fama e a outros objetivos que nada têm a ver com a simplicidade do Evangelho. Dessa forma, podemos seguir o caminho humilde do nosso Senhor.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Segundo João 13, como se manifestava o ato de “cingir-se”?
No capítulo 13, o Mestre tomou uma bacia com água e uma toalha, levantou as pontas das suas vestes e atou-as à cintura. Pegou nas mangas longas e largas das suas roupas masculinas típicas da época e amarrou-as atrás do pescoço.
2. Conforme a lição, o que a humildade representa?
A humildade representa a verdadeira grandeza espiritual do seguidor do Evangelho.
3. Por qual razão Jesus trocou os papéis de Senhor e Servo em João 13, segundo a lição?
Ele deliberadamente trocou o seu papel de Senhor pelo de um simples servo para ensinar aos seus discípulos a importância da humildade.
4. O que Jesus percebia sobre os discípulos, conforme abordado na lição?
O nosso Senhor percebia que existiam momentos em que os seus discípulos se preocupavam com quem seria considerado o maior (Lc 22.25-27).
5. Para quê propósito a vida e os ensinamentos de Jesus nos convidam?
A vida e os ensinamentos do nosso Salvador constituem um convite para aprendermos com Ele sobre mansidão e humildade (Mt 11.29).
Comentarista: Elienai Cabral
E O VERBO SE FEZ CARNE – Jesus sob o olhar do Apóstolo Paulo
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LIÇÃO 8 UMA LIÇÃO DE HUMILDADE.
Nesta lição, veremos que o Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de humildade e mansidão. Na ocasião em que reuniu Seus discípulos para última Ceia antes da Sua prisão, Jesus se despiu e realizou um ato de serviço semelhante ao realizado pelos escravos na casa de seus senhores: o ato de levar os pés (Jo 13.1-10). O Mestre quis ensinar de modo prático a Seus discípulos que a atitude de humildade deve ser um comportamento marcante na vida daquele que serve a Deus.
Este ensino de Cristo contrasta com a ideia humana e secularizada de que os maiores são aqueles que dominam e subjugam os que são desprovidos de poder. O objetivo do Mestre não era desqualificar as autoridades constituídas, mas revelar a natureza do Reino de Deus, a saber: um Reino em que prevalece a justiça, a misericórdia e o amor (SI 11.7; 89.14; 1Co 13.13). Diferente do governo humano, o Reino de Deus destaca que aqueles que querem se fazer grandes devem ser humildes e demonstrar continuamente um espírito de serviço. O apóstolo Paulo endossa esse ensinamento aos filipenses e exorta para que haja nos crentes o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2.5-10).
Na obra “Comentário Devocional da Bíblia” (CPAD), o autor discorre que “a nossa fé cristã está cheia de paradoxos. Este é o mais poderoso. Como Cristo se humilhou, Deus o exaltou. O caminho para o alto é, na realidade, para baixo. A chave para a liderança é servir. Os maiores entre nós são os servos de todos. Este é um paradoxo, mas também é uma realidade. Nós, que escolhemos a humildade agora, seremos exaltados, e estaremos acima dos orgulhosos. Nós, que nos entregamos aos outros, vamos lucrar. Nós, que perdemos a nossa vida, a encontraremos melhorada e verdadeira. Não há outra maneira de ser bem-sucedido na vida cristã que não seja andar pelo caminho que Jesus andou” (2012, p. 869).
Nesse sentido, o exemplo de Cristo nos aponta qual deve ser a nossa postura diante da arrogância, da soberba e da vaidade. Como servos de Deus, chamados para pregar o genuíno Evangelho da graça, praticar a humildade e o altruísmo não se trata de uma performance que devemos adotar para mostrar uma religiosidade aparente. Antes, devemos pedir a Cristo que transforme nosso coração de tal maneira que servir seja um ato prazeroso. A nossa motivação deve ser ver o nome do Senhor engrandecido (1 Pe 4.11). Que nossa postura seja a mesma de João Batista: “Que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).
(ENSINADOR CRISTÃO)